sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Sobre as NEUROSES





Neurose Histérica

A estrutura histérica é a que mais se aproxima daquilo designado como normal; nela o controle do ego é derrubado, ocorrendo ações a que o ego não visa. A denominação histérica vem do grego “hysteron” que significa útero e como foi percebida entre as mulheres naqueles tempos, denominou-se histéricas as mulheres que apresentavam quadro de sintomas comuns.

A estrutura histérica ocorre com mais freqüência nas mulheres do que nos homens, devido ao fato de apresentarem uma maior complicação no desenvolvimento sexual, a menina se sente castrada e por isso é levada a passividade.

O primado genital mostra-se evidente, o indivíduo histérico apresenta fixações à fase fálica, guardando fortes componentes orais que jamais se tornarão organizadores. A formação dessa estrutura se dá pelo modo que se supera o complexo de Édipo (de maneira mais gradativa e menos completa); os investimentos objetais mostram-se facilmente móveis e variados. Os indivíduos histéricos ou jamais superaram a sua escolha objetal primitiva ou nela se fixam de tal forma que ao surgir alguma frustração posterior, retornam ao objeto.

A força do componente erótico é a principal característica do modo de estruturação histérica, toda sexualidade representa o amor incestuoso infantil, então o desejo de reprimir o complexo de Édipo faz com que haja repressão da sexualidade, as idéias reprimidas continuam inalteradas no inconsciente, exercendo influência. Os histéricos têm medo de não serem amados e assim tentam influenciar diretamente as pessoas que os cercam a fim de dissuadi-los de fazer as coisas que eles temem.

O histérico passa da realidade para fantasia, substitui objetos sexuais reais por representantes infantis; processo denominado introversão; e a somatização se dá com a tradução de fantasias específicas em linguagem corporal.

Na histeria, a angústia é expressa através do corpo; pode apresentar os sintomas da seguinte forma: manifestações agudas; grandes ataques, crises menores, quadros dissociativos e quadros funcionais duradouros; como paralisias, anestesias e transtornos sensoriais, tendo como característica principal a forma exagerada que se apresentam esses sintomas.

Na neurose histérica encontram-se dois grupos: a neurose histérica de conversão que se caracteriza pela necessidade do neurótico em chamar a atenção sobre si, de vislumbrar e de conquistar a piedade dos outros, usando para isso, doenças com utilização de órgãos alvo, usa de comportamentos frágeis e delicados para atrair os outros e a neurose histérica de angústia que evidencia a projeção da personalidade que é frustrante, em outra que agrade o indivíduo, utilizando no lugar daquela geradora de angústia e de ansiedade.

Neurose Obsessiva

A neurose obsessiva se configura como a mais interessante e mais rica de simbolizações dentre as neuroses e apresenta-se como a mais regressiva das estruturas neuróticas no plano libidinal.

Tem com base o complexo de Édipo; o indivíduo com esta neurose apresenta fixação da libido no estágio anal de maturação.

Ocorre com mais freqüência em homens, o indivíduo não se sente castrado porque abandona a mãe e se identifica com o pai, essa identificação decorre da necessidade que tem de encontrar uma outra mulher já que a “relação” com a mãe é proibida.

Na neurose obsessiva a libido do indivíduo não está totalmente envolvida no conflito entre o ego e o superego, grande parte das relações objetais do indivíduo está conservada, circunstância esta que o protege da ruína.

O ego dos neuróticos obsessivos apresenta-se dividido em uma parte lógica (que sabe o que é verdade e o que é falso) e outra mágica (que repudia partes da realidade); o mecanismo defensivo do isolamento possibilita a manutenção dessa divisão; além deste mecanismo, o obsessivo se serve também do deslocamento e da anulação.

Uma característica fundamental na neurose obsessiva é sua ligação com o sentimento de culpa; os neuróticos obsessivos tentam usar objetos para resolver ou aliviar seus conflitos internos.

O neurótico obsessivo tem medo de suas emoções e tem medo das coisas que as sugerem, fugindo do macrocosmo das coisas para o microcosmo das palavras. O pensamento e a fala tornam-se substitutos das emoções, ligados à realidade, recuperam as qualidades originais, “sexualizam-se” e perdem o seu valor para o uso prático.

O neurótico obsessivo tende a crer na onipotência de seus pensamentos, e teme essa onipotência, isso faz com que ele dependa daquilo que pensa. O pensamento do obsessivo é um pensamento abstrato, isolado do mundo real das coisas concretas, sendo a dúvida o conflito instintivo deslocado para a esfera intelectual. Os obsessivos se preparam incessantemente para o futuro e nunca experimentam o presente.

A sintomatologia das neuroses obsessivas é cheia de superstições mágicas; as idéias, sentimentos ou condutas são vividos como forçadas, como se impondo ao sujeito, por mais que ele lute contra elas e as ache absurdas; apresentam pensamento obsessivo (que podem aumentar de tal forma na mente do indivíduo, que este pode ficar preso por uma cadeia infindável de pensamentos, que podem paralisar ações práticas, fazendo com que a dúvida seja a regra geral do comportamento obsessivo), a atividade compulsiva, os rituais obsessivos (rituais envolvendo a verificação; rituais envolvendo a limpeza; pensamentos obsessivos sem compulsões; lentidões obsessivas e rituais mistos).

A neurose obsessiva se instala no indivíduo mais tardiamente do que a histérica, afetando a personalidade total do indivíduo em extensão muito maior do que na histeria. No tratamento há mais dificuldade devido ao fato desse indivíduo ter dificuldade de associar livremente, internalizar o conflito e apresentar um ego dividido, estes fatores geram resistência.

Fonte: http://www.psicologado.com/site/escolas/psicanalise/neurose-obsessiva

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